Pois bem, visto que a sua simplicidade rústica,
pouco menos que agreste, nos inspira muito maior reverência que toda a
eloqüência retórica dos oradores do mundo, qual deve ser o nosso pensamento,
senão que o poder da verdade caracteriza de tal modo o conteúdo da Escritura
que ela não precisa de nenhum artifício de palavras?
Logo, não é sem motivo que o apóstolo declara que a
fé cristã dos coríntios não se apoiava “em sabedoria humana e sim no poder de
Deus”. Por isso a sua pregação entre eles não consistia “em linguagem
persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder. Porque a
verdade está livre de toda dúvida, visto que, sem nenhuma ajuda, ela é
suficiente para manter-se.
Pois bem, quanto essa virtude é própria da
Escritura transparece do fato de que, de todos os escritos humanos, não há
nenhum que, por mais que esteja ornado de requintes de engenho e arte, tenha o
poder que a Escritura tem de comover-nos. Admito que a leitura de Demóstenes ou
Cícero, de Platão ou Aristóteles, ou de qualquer outro da classe deles, nos
atrai maravilhosamente, nos deleita e nos comove ao ponto de nos arrebatar.
Mas, quando deles nos transferimos para a leitura das Escrituras Sagradas,
queiramos ou não, elas nos despertam tão vivamente, penetram de tal modo o
nosso coração e de tal maneira se fixam em nossa medula, que toda a força dos
retóricos e dos filósofos se evapora, em comparação com a eficácia das
Escrituras no sentimento que nos infundem. Daí se infere que é fácil perceber
que as Escrituras Sagradas têm certa propriedade divina pela qual nos inspira.
De longe essa qualidade supera todas as virtudes da criatividade humana.
24º Tese de Lutero - Por isso, a maior parte do povo está sendo
necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de
absolvição da pena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário