terça-feira, 25 de outubro de 2011

A força da simplicidade da Escritura

Pois bem, visto que a sua simplicidade rústica, pouco menos que agreste, nos inspira muito maior reverência que toda a eloqüência retórica dos oradores do mundo, qual deve ser o nosso pensamento, senão que o poder da verdade caracteriza de tal modo o conteúdo da Escritura que ela não precisa de nenhum artifício de palavras?
Logo, não é sem motivo que o apóstolo declara que a fé cristã dos coríntios não se apoiava “em sabedoria humana e sim no poder de Deus”. Por isso a sua pregação entre eles não consistia “em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder. Porque a verdade está livre de toda dúvida, visto que, sem nenhuma ajuda, ela é suficiente para manter-se.
Pois bem, quanto essa virtude é própria da Escritura transparece do fato de que, de todos os escritos humanos, não há nenhum que, por mais que esteja ornado de requintes de engenho e arte, tenha o poder que a Escritura tem de comover-nos. Admito que a leitura de Demóstenes ou Cícero, de Platão ou Aristóteles, ou de qualquer outro da classe deles, nos atrai maravilhosamente, nos deleita e nos comove ao ponto de nos arrebatar. Mas, quando deles nos transferimos para a leitura das Escrituras Sagradas, queiramos ou não, elas nos despertam tão vivamente, penetram de tal modo o nosso coração e de tal maneira se fixam em nossa medula, que toda a força dos retóricos e dos filósofos se evapora, em comparação com a eficácia das Escrituras no sentimento que nos infundem. Daí se infere que é fácil perceber que as Escrituras Sagradas têm certa propriedade divina pela qual nos inspira. De longe essa qualidade supera todas as virtudes da criatividade humana.

24º Tese de Lutero - Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

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