segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dádiva de um Recurso Melhor


Portanto, como o Senhor expõe a todos, sem exceção, a clara percepção da Sua majestade, figurada em Suas criaturas, para despojar a impiedade dos homens de toda defesa, assim também, por outro lado, ele socorre com um remédio mais eficaz a ignorância daqueles aos quais Ele tem prazer em dar-se a conhecer para salvação. Porque, para instruí-los, Ele não se restringe ao uso de criaturas mudas, mas abre os Seus lábios sagrados e, não somente lhes declara que é necessário adorar algum deus, mas também mostra que Ele é o Deus que é necessário adorar; e não se limita a lhes ensinar que é preciso reconhecer um só Deus, mas, além disso, apresenta-se como Aquele a quem unicamente devem apegar-se. E de fato o Senhor, desde o princípio, tem observado esta ordem na vocação dos Seus servos: Além dos ensinamentos dados pelos meios já mencionados, Ele faz uso da Sua Palavra, que é um meio de indicação mais seguro e mais acessível para conhecê-lo. Desta maneira, Adão, Noé, Abraão e os outros patriarcas puderam conhecê-lo, iluminados que foram por Sua Palavra. Seja que esta lhes tenha sido comunicada por comunicações diretas e visões, seja que tenha sido revelada primeiramente a seus antecessores e deles recebida, a Palavra lhes foi dada pela sua pregação, como que passando de mão em mão. E foi assim que eles foram participantes da Palavra divina e tiveram o firme entendimento de que ela procedia de Deus. Disso o Senhor deu certeza quando Lhe aprouve revelar-se por meio dela. Ele se manifestou, então, a poucos, dando-lhes sinal manifesto da Sua presença, e lhes confiou o tesouro da Sua sã doutrina, para que fossem os Seus despenseiros e ministradores com vistas à posteridade.
Vemos assim que Abraão comunicou à sua família a aliança da vida eterna que lhe fora dada, e com sofrimento e dor ela foi conservada até às gerações futuras. Por isso, desde aquele tempo, a linhagem de Abraão se mantém separada das outras nações por esta diferença: Por uma singular graça de Deus, foi-lhe dada esta comunhão na Palavra.
Pois bem, quando pareceu bem ao Senhor edificar uma igreja mais segregada ainda, Ele publicou mais solenemente aquela mesma Palavra, e foi da Sua vontade que ela fosse redigida como documento escrito. Por isso, desde quando os oráculos ou as revelações da Palavra de Deus começaram a ser reduzidas à escrita, ela tem sido mantida entre os fiéis e tem sido transmitida entre eles, uns aos outros. E, com vistas aos seus sucessores, Deus supriu Seu povo de uma providência muito especial. Porque, se considerarmos como o entendimento humano
tende a esquecer-se de Deus, com que facilidade se deixa arrastar pelo erro, como se dispõe com leviandade a sonhar o tempo todo com novas religiões e imitações, poderemos reconhecer facilmente quão necessário foi que a doutrina celestial fosse fixada por escrito. Sim, porque, com esse recurso, não há perigo de esquecimento ou de desaparecimento, destruída pelo erro, ou de ser corrompida pela audácia dos homens. Fica, pois, manifesto que Deus se serve da Sua Palavra em benefício daqueles que Ele deseja instruir para frutificação, estando claro que a
Sua imagem e semelhança impressa no edifício do universo não é suficiente. Portanto, é necessário que sigamos este caminho, se de coração aspiramos à genuína contemplação da Sua verdade.
É necessário, repito, retornar sempre à Palavra, na qual Deus nos é revelado e retratado ao vivo por Sua obras, sendo elas, porém, avaliadas, não segundo a perversidade do nosso julgamento, mas segundo a regra da verdade eterna. Se nos desviarmos dessa Palavra, seja qual for o rumo que tomemos, jamais chegaremos ao nosso alvo, pois estaremos correndo fora do caminho. Devemos considerar a luz de Deus, à qual o apóstolo Paulo se refere como “inacessível”, como um labirinto onde nos perderemos, a não ser que sejamos conduzidos pelo
fio da Palavra. Tal é a situação, que é muito melhor ir mancando por este caminho do que correr bem por fora dele.

18º TESE DE LUTERO - Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

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