Se não tivermos esta certeza mais alta e mais firme que todo e qualquer juízo humano, inútil será tentar provar a autoridade da Escritura com argumentos da razão, inútil será tentar estabelecê-la por decisão da igreja ou confirmá-la por outros meios. A razão disto e que, se primeiro não for posto este fundamento, permanecerá a dúvida. Como, ao contrário, depois de recebida com disposição para obedecê-la, tendo sido eliminada toda dúvida, os argumentos da razão, que antes não tinham grande força para plantar e fixar a certeza em nosso coração, agora poderão prestar boa ajuda. Nem se pode descrever a grandeza da confirmação dada por esta consideração, quando avaliamos diligentemente como Deus dispôs e ordenou tão bem a dispensação da Sua sabedoria; quando reconhecemos quanto a doutrina se nos revela celestial, nada tendo de terreno; e quando vemos a extraordinária harmonia existente entre todas as suas partes; e ainda, quando se vêem nela outras coisas reconhecidas como capazes de dar autoridade a qualquer escrito. Sentimos ainda mais fortalecido o nosso coração quando consideramos que, mais que a elegância das palavras, é a sublimidade do conteúdo que arrebata a nossa extasiada admiração pela Escritura. E a verdade é que isso não aconteceria, se não houvesse a intervenção da providência divina, agindo no sentido de nos transmitir os altos mistérios do reino dos céus por meio de palavras em geral simples e pouco eloqüentes. É muito bom que seja assim, para evitar que, se fossem empregadas palavras grandiloqüentes, os ímpios a caluniassem, dizendo que todo o seu poder está na sua forma de expressão.
23º Tese de Lutero - Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
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